MARIA DUSÁ

Diversos títulos de grande renome da literatura foram adaptados para a teledramaturgia, em especial pela emissora Rede Globo. Embora não tenha surgido com grande repercussão na literatura durante algum tempo, o romance Maria Dusá, do escritor mineiro Lindolfo Rocha, não passou despercebido pela dramaturgia brasileira. De autoria de Manoel Carlos e direção de Herval Rossano, a telenovela Maria, Maria, foi inspirada no romance Maria Dusá, cujo enredo foi o mesmo, porém adaptado. Exibida pela Rede Globo em 1978, no período de 30 de janeiro a 23 de junho, a telenovela foi exibida em 119 capítulos, no horário das 18 horas.

Na adaptação, a trama principal que envolve as irmãs Maria Alves e Maria Dusá teve como intérprete a atriz Nívea Maria, fazendo os dois papéis, e o ator Cláudio Cavalcanti interpretando o tropeiro Ricardo Brandão. Anteriormente, ambos os atores já haviam participado de inúmeras telenovelas de sucesso da Rede Globo. 

 Ambientada no século XIX, em uma região de garimpo de diamantes na Bahia, em 1860, a produção da telenovela Maria Maria precisou fazer algumas investidas. De acordo com o site Memória Globo (2021), para a produção da telenovela foi necessário um extenso trabalho de pesquisa histórica, que ficou a cargo da atriz e roteirista Ana Maria Magalhães. A fim de uma ambientação o mais verossímil possível, ela fez um levantamento detalhado de costumes, vida social, vestimentas e religiosidade na região do garimpo nordestino no século XIX.

Acervo/Globo
Capítulos de Maria Maria 1978

Maria, Maria foi a 14ª telenovela exibida na faixa das 18 horas da Rede Globo, e foi a primeira telenovela do dramaturgo Manoel Carlos para a televisão. Ao Memória Globo (2021), Manoel Carlos contou como surgiu a proposta de adaptação do romance Maria Dusá para a telenovela. Ele relata que a ideia surgiu do escritor Fernando Sabino, que um dia encontrou o Mauro Borja Lopes, o então diretor artístico da Central Globo de Produções, e disse que tinha um romance do século XIX chamado Maria Dusá, do Lindolfo Rocha, e que achava que daria uma boa novela das seis. Assim, diante do interesse e preocupação que a Globo, na época, tinha em adaptar os romances brasileiros, Borja deu a ideia para Manoel Carlos.

À Revista Amiga (edição nº 403 de 1978), Manoel Carlos revelou que se interessou pelo romance Maria Dusá para a adaptação da telenovela porque considera Lindolfo Rocha um dos mais vigorosos e injustiçados escritores.

Nesse sentido, a adaptação literária para a teledramaturgia foi importantíssima para a trajetória do romance Maria Dusá, corroborando para uma maior visibilidade para a fonte primária e para o seu criador Lindolfo Rocha, o qual ainda não havia repercutido de forma extensiva desde o início do século. Portanto, acredita-se que a partir disso novos interesses foram surgindo, como a leitura do livro e o estudo sobre o escritor, os quais também contribuíram para o relançamento de outras edições do romance.

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